quinta-feira, 1 de maio de 2014

...

De alguma forma
pertencemos um ao outro
unidos não pelo corpo, mas pelo espírito
Somos amor e ódio
essência de vida
Juntos além dos outros, além de tudo
Sigo te amando porque não há como ser diferente
Mas te deixo
para ser o que é
Porque de outra forma eu não haveria de te amar

Falso retrato

As nuvens todas vermelhas
são o retrato dos teus olhos
famintos de revolução

Mas em tua mente não há nada
Teu chão é barro seco e quente
é ferro e luta

Você logo se cala
te tiraram a fala
te secaram as lágrimas

E lá do alto se lambuzam
com o mel de falsas abelhas
Envoltos na lã de pobres ovelhas

Pois, só eles podem sonhar

Brasa da areia

Ele a beijou
no silêncio de quem toca a alma

No clamor
das línguas não compreendidas

A tocou com doçura
no calor do descobrimento

Se estenderam
na imensidão da terra e do mar

Eram um só
diante da lua apagada

E depois só ficou fogo e essência
lembrança de alegria