quinta-feira, 26 de maio de 2016

(...) queria eu cantar imagens sobre o céu e a terra enquanto te embalo com a voz de ninar. Queria eu afagar teus cabelos e te ver correr pelas ruas como se não existissem carros ou bombas, como se a fumaça no céu fosse neblina pela manhã. 
Sou alguns filhos sem mães. Sou todas essas mães de asas quebradas que viram seus filhos lutarem ferozmente contra o mar , com os olhinhos fechados e os bracinhos cansados. Sou a alma que caminha entre aqueles que não tem céu nem terra, que já não podem andar ou cantar canções de ninar.
Não conheço a paz de um sono tranquilo, seria mais fácil dizer que nunca conheci a paz. Eu sou pai e mãe. Já não tenho pai nem mãe, nem terei filhos. Não pude ser filho.
As fronteiras brilham a fronteira do meu juízo . Eu que não permaneci nem mudei ou parti, também não conheci um lar.
Sei que aqui jamais estarei, que esse Deus não me deixou terra no mundo nem ouro nas mãos e muito menos amores para o meu coração.

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